Se tiveres uma ideia mais estupida que eu, deixa recado!

(A imagem nada tem a ver com o texto!
Mas olho para ela e sinto-me um bocadinho menos DOIDA!)

Ora…
Estava eu “fumando um pensativo cigarro”, empoleirada no parapeito da janela, com uma perna de fora, quando reparo na fila de vivendas que vão crescendo, como cogumelos, nas traseiras do meu prédio.
(Já devem lá estar há muito tempo… eu é que sou distraída! Mas bolas! Ia jurar que da última vez que olhei para aquela rua não eram assim tantas!)
A avaliar pelas dimensões das ditas casas, estou na dúvida se serão casas ou hotéis (?)
A avaliar pela quantidade de carros estacionados nas garagens e na quantidade de janelas, calculo que se tratem de hotéis.

Ora… Isto está mal!
Uma casita precisa de quê?
De quatro paredes (que dispensavam as tintas topo de gama por causa do salitre do mar!), de uma porta para entrar e sair, alicerces (convém, não venha por aí o lobo mau, da história dos três porquinhos!), de uma janela e de GENTE.

(E temos o essencial da estrutura)
Olho para os “cogumelos de cimento” e parece-me tudo ao contrário.

As janelas não deveriam estar no telhado? Para se ver o céu, o sol e a chuva a cair? Para quê ter as janelas viradas para a casa do lado? Para os vizinhos verem bem o tamanho do ecrã de televisão?
E aposto que em 100% destas casas, existem uns quantos electrodomésticos que nunca ninguém usou ou vai usar! Mas porque é que um casal quer um T4, com piscina, churrasqueia e garagem para 3 carros?... (Preferencialmente uma vivenda... que no fundo é um prédio-di-pobrii, mas em ponto pequeno em altura e ponto grande em largura!)

Para que complicar e carregar a vida com electrónicas, mecânicas, cinéticas, tecnologias, cilindros, cavalos, volts e megas?

Ora, isto está mal

Para quê, se os donos são demasiado calhaus para os/as usarem? Se a maior parte dessas coisas nunca funcionou, ou se funcionam, quando avariam não há dinheiro para os mandar arranjar?
Para quê, andar 40 anos a pagar prestações e um dia a inflação trepa, a prestação ao banco sobe, penhoram-se os bens e lá se vão as tecnologias, os volts, os cavalos e os megas, para um depósito ou para as famosas listagens, das nossas mui estimadas Finanças?

Mas, ISTO FAZ ALGUM SENTIDO?
Faz sentido pedir crédito para pagar os luxos dos miúdos, a roupa de marca, 4 telemóveis por cada cabeça, carros do modelo mais recente, para poder ir a um médico particular (ou desafias a morte, na fila de espera, de preferencia de pé!), para aumentar as mamas, para o botox, para viajar (o que implica comprar malas, roupa, máquina fotográfica, câmara de filmar, etc), para casar, para divorciar e até para enterrar os mortos?

OH PÁ! DEIXEM LÁ ISSO! ESQUEÇAM!

Eu é que ando ao contrário, por achar que TER MENOS, É TER MAIS!
Ter menos coisas, é ter menos problemas. Ser menos invejado. Não ter acidentes nem avarias nas coisas. Ter menos, é ter o suficiente para pagar o que se deve e não pedir nada a ninguém!

Ter menos… para ter mais! Mais tranquilidade, mais cara-lavada, mais liberdade, de partir, mais dinheiro para usar numa emergência, para poder usar para ajudar, para comprar um mimo ou para matar a fome...

Mas afinal, o que é que isto tem a ver com arquitectura?
Nada!
Bem… quase nada… ou alguma coisa… Ou será que tem tudo?
É que o arquitecto planeia, pensa, desenha, tenta tornar útil e belo…
E nós fazemos isso nas nossas vidas… logo, somos arquitectos e pedreiros das “nossas coisas”…
Certo?
E não será que andamos para ai a fazer construções que só têm telhado? Não se andam a plantar cogumelos em excesso à beira-mar?

E se passa uma rajada de vento e leva tudo o que se tem andado a “arquitectar”?

Pergunto-te a TI (sim… TU, amigo/a!):

E se a vida te levasse tudo o que andas a pagar às prestações?

O QUE É QUE TE SOBRAVA?

A pergunta é retórica, a ideia é parva e não vou chegar a conclusão nenhuma (só se for, deixar de fumar...)

Mas se tiveres uma ideia mais estúpida que eu, deixa recado!)