...REJOI AND BE GLAD...

Quero acreditar que os milagres acabam por chegar! Quando nem sempre os esperamos, mas quando mais precisamos deles! Chegam com a mesma intensidade com que os queremos receber... e com a dimensão exacta do que fizemos para os merecer!

8.7.08

" MORRE DEPRESSA!" - A maldição.


Ela passeava, ao entardecer, acompanhada pela sua sombra e parou abruptamente. Atónita e incrédula, viajou ao passado.

- “Morre! Mas, morre depressa!” – ouviu a voz da lembrança gritar.

- Morre… – repetiu alto. – Mas morre depressa!
Cada uma das letras tinha o peso de uma âncora, que a levou às profundezas de um mundo qualquer, incógnito e longínquo.

Sentou-se, e a sombra com ela.
As palavras expandiam-se e latejaram, aumentavam-lhe a súbita dor de cabeça, em laivos agudos que a espancaram até à alma!
Olhou de soslaio a própria sombra e iniciou o monólogo humilhado:

- De todas as palavras que ouvi até hoje, estas são das poucas que ainda me sabem amargamente a presente. As que não consigo guardar na gaveta… São das mais paradoxais, absurdas, luciferinas, das mais cruéis, das mais malévolas… E ainda assim não excluo a hipótese de me terem sido dirigidas como uma lança bem apontada ao coração…

- Perguntas-me o que penso disso? – Inquiriu a própria sombra.
- Se tens algo a dizer…
- Tenho pena! Pena de ti e de quem as proferiu. Julgo eu…

A sombra aninhou-se e aguardou em silêncio.

- Tens pena? Pena? Pena, de mim?
- Deves ter merecido ouvi-las… ou talvez não. Mas, ouviste-as! Pena de ti, por amares quem te deseja (a morte). E pena por te desejar (a morte) quem te ama… É uma pena, tudo, na verdade! Uma verdade penosa!...

- E se tivesse morrido mesmo?
- Tal como eu morrerei ao por do sol, também morrerás um dia, e eu, então, eternamente contigo. Nesse dia, ambos lembrarão tais palavras! Palavras ridículas demais, é certo, para serem lembradas no momento da morte… mas…

Ela levantou-se. Mas a sombra manteve-se queda e continuou:

- Deves ter merecido tal maldição. Deves ter também uma vontade de viver dentro de ti mais forte que a vontade de te deixares abater! Ainda que inomináveis, avassaladoras, mortíferas, horrendas, hediondas, pútridas… Uma maldição é sempre uma maldição!

A conversa ficou por ali!


MORAL DA HISTÓRIA:
Bendito tal ser, e longa vida!
Porque só numa vida longa (vivida na companhia amarga, seca, frívola, vazia, torturada de si mesmo), poderá levar à bênção (de alancar a luz e se arrepender!)

PORQUE EU, Lara, conto viver tantos anos quantos os que passarem até chegar esse dia… e muitos mais para além de todos esses!

1 comentário:

Adrianinho disse...

Lindo!
Como já alguém disse,
"A vida é o intervalo que a morte nos dá."

Continua com esse espírito e criatividade.

Beijinhos