...Um caminho de busca para a eternidade...

Nestas noites é usual colocar uns pauzitos na lareira e fica a olhar, alheia, para o fogo que se consome num processo que não me esforço por entender.
São dias em que o meu pensamento pára algures na ideia, meia absurda, de que faltam “peças no puzzle” e a total ausência do pensar!

Não me apetece escrever, nem ler…
Não uso a net, nem o telemóvel…
Nada me faz falta!

Pode parecer egoísmo… ou serão os efeitos nefastos da ausência de sol?
Contudo não é um estado de infelicidade!
Bem pelo contrário! (espero)
Sinto um vazio tão fundo e doce que até o conceito da felicidade se some.
Suponho ser um estado de alma transitório pois não me recordo de algo assim!

Escrevo, hoje, este texto a pedido de uma visitante de Kabba!
Mais que isso, é uma leitora de mim…
Sim, é por ti que estou a escrever. Talvez para te fazer um pouco de companhia mais logo…
Não tendo nada (em especial) para escrever, como te disse, fiz o que cometei contigo:

Abri um livro, ao acaso, e seleccionei uma palavra.
Ainda não me faz muito sentido, mas dentro de uns dias devo encontrar uma razão…

Muito à semelhança da peregrinação dos Muçulmanos a Meca, orando em “Caaba”, da dos Judeus que oram frente ao Muro das Lamentações, da peregrinação a Lassa pelos Tibetanos ou na festa do Kumbh Mela, dos Indus, parece-me que também eu/nós andamos algures em peregrinação (constante).
Para ser franca, por estes dias até voltei à missa, em busca sabe deus do quê…

Pergunto-me se pelo globo se praticam estes rtuais, mais ou menos pessoais, por egoísmo, por devoção ou simplesmente por costume…?

Porquê não sentimos todos essa mesma necessidade?

Voltando ao assunto:

Uma das passagens mais conhecidas da mitologia Hindu relata uma batalha que teve lugar há milhões de anos entre os deuses e os demónios da Índia.

Lutaram por uma jarra que, diziam, continha o elixir da imortalidade.

Após 12 dias de luta, os deuses venceram os demónios e beberam o conteúdo da jarra, mas durante a luta quatro gotas do néctar caíram na Terra, mais concretamente em Allahabad, Haridwar, Nasik e Ujjain.

Assim nasceu a maior peregrinação da terra.
De doze em doze anos, quando Júpiter entra na casa de Aquário, dá-se o festival Kumbh Mela. Mas também existe uma festa anual e as romarias são diárias.
Consta-se que se deslocam 12 milhões de pessoas àquele local, nas margens do rio.

Para os hindus, todos os rios nascem no céu.

Por isso, são sagrados e funcionam como pontes entre a Terra e os deuses.

Ao banharem-se no Ganges, com mais de 1000km, os fiéis purificam a alma, libertam-na dos pecados cometidos desde as três vidas anteriores até à encarnação presente.
Além do banho sagrado, os hindus pretendem, após a morte, ser cremados e as cinzas lançadas no Ganges.

Nas margens os sacerdotes oferecem bênçãos, pedintes dão a oportunidade de sermos bondosos, dando esmolas, e algumas das ghats mostram-nos a inutilidade do corpo, com cremações contínuas e cadáveres à espera, deitados em padiolas ou riquexós.
As cinzas dos mortos são lançadas ao rio pelas famílias.

… E todos os deuses "nos" protegem...

Para ele tudo é deus e por isso existem milhões de divindades.
Todavia, há três divindades principais.

Brama é o criador do universo.

Ele garante a vida das criaturas e gere a reencarnação das almas em outras vidas.

Vixnu é a divindade benévola, que vela pela salvação dos seres.

Por fim, Xiva é contraditório: criador, juntamente com Brama, também é o destruidor.

Não há profetas ou UM livro sagrado, como a Bíblia ou o Corão.

Os religiosos são pessoas que praticam o mais profundo afastamento das coisas terrenas, meditando em solidão para encontrar dentro de si o caminho da união com o divino.

Alguns dos conceitos-chave são os de karma, que é o efeito das nossas acções passadas e presentes, ahimsa, a não-violência, e samsara, o ciclo de reencarnações a que estamos sujeitos até atingirmos a libertação através da samadhi, a meditação.

O hinduísmo defende que todos passamos por uma série de renascimentos, ou reencarnações, que poderão levar à salvação espiritual.

Cada reencarnação poderá ou não aproximar-nos cada vez mais do verdadeiro conhecimento;

o factor decisivo é o nosso karma.

Para o Hinduísmo, a alma, recebida gratuitamente da divindade, é eterna e vive no corpo de pessoas ou animais.

Quando um corpo morre, ela (a alma) torna-se livre e migra para outro corpo.

Essa migração faz-se segundo o karma de cada um, isto é, conforme as obras que realizou.

Quem fez o bem, renasce numa casta mais nobre e quem fez o mal renasce numa casta inferior ou no corpo de um animal.

Este ciclo acaba quando a alma, depois da sua total purificação, alcança a libertação definitiva: o Nirvana.

O objectivo da pegrinação é (ou será que "devia ser"?) o:
libertar-se do sofrimento,
das sensações e
das necessidades, que são o preço a pagar pelos pecados passados.

… Afinal…
O que será que cada um procura nas margens do seu rio interior (e não encontra)?...