Como devem saber, recebo os vossos (deliciosos) comentários no mail.
Hoje, entre dezenas de mail´s de publicidade e lixo cibernético, procurei instintivamente “laraemkabba”.
Abri um mail… um sorriso.
Outro… uma gargalhada.
E outro e outro e outro… uma cara séria, umas lágrimas nos olhos, uns quantos sorrisos e uma gargalhada bem sonora!
Obrigada a todos, de coração!
(Deixo uma vez mais, votos de uma noite mágica)
Os vossos post´s fizeram-me recuar muitos anos no tempo, até à minha infância mais colorida, e vou deixar-vos (mais) um pedacinho de mim.
Era uma vez…
Suponho que em 1984, porque ainda andava na pré-escola.
Era redondinha como uma lontra, tinha umas bochechinhas à Branca de Neve e um cabelo escuro e longo como a crina de um potro!
Tinha um pai e uma mãe, juntos, 20 tios e muitos primos e meninos para brincar!
Por essa altura, depois de mais uma fase difícil, os meus pais mudaram de casa, para uma aldeia no interior do país.
Na rua estreita, naquela manhã, cheirava a broa quente e a galinhas depenadas...
Eu estava a jogar ao esconde-esconde com os meus amigos da rua.
Estava de férias!
A minha mãe chamou-me para o almoço, dando um grito do lado de dentro do muro alto.
Havia um portão, rodeado de roseiras e uma escadinha estreita subia num dez degraus, húmidos, até um pátio enorme onde estavam patos, perus, gansos e galinhas!
Tantos que todos os dias levava uma traulitada por entrar em casa com as botas cheias de bosta!
- Mas eu não consigo voar!
(devia ter argumentado com a minha mãe e com a colher de pau!)
Do lado direito do pátio havia uma cancela de madeira que dava acesso a um quintal com hortaliças, árvores de fruto e uma retrete!
- SIM! A retrete era um buraco de madeira, dentro de uma casota!
E só não usávamos folhas de couve para limpar o ´dito` porque éramos uma família muito sofisticada para a média da aldeia, na altura.
À esquerda do pátio, erguia-se uma casa de dois andares, completamente ampla na cave e com as divisões no primeiro andar.
O alpendre que dava acesso às divisões era uma gigantesca varanda de madeira, com um telheiro todo catita, onde a minha mãe me fez um baloiço.
Enchia a varanda de plantas e gatos. Era uma alegria.
Nesse Dezembro, depois do almoço, fui ao musgo com a minha mãe e ajudei no presépio, com os bonecos de cartolina que tinha feito na escolinha.
Ao meu pai cabia a tarefa de ir buscar um pinheiro.
Eu corria pela casa, enquanto o meu pai entrava com o pinheiro, já enterrado num vaso, e o colocava num cantinho da sala, ao lado do janelão de madeira.
- Pai? O Pai-natal vem aqui? Vem? Vem?...
- Claro. – disse ele sem paciência. - Basta que te portes bem e estejas quieta.
- Mas pai… Nós mudámos de casa e o Pai-Natal não sabe onde é que eu moro…
Ele não me respondeu e fiquei preocupada.
A minha mãe pendurava as luzinhas, as fitas e as figurinhas de chocolate (que eu comia durante a noite, às escondidas. E depois enchia os papeis de prata com algodão para ela não ver! Que saudades do sabor das pinhas e dos sininhos de chocolate!) enquanto eu insistia que o pai-natal não sabia qual era a minha casa.
Foi então que eles decidiram resolver o problema.
Sentamo-nos os três numa mesa e a minha mãe escreveu uma carta, que eu ditei ao Pai-Natal, e meteu-a no correio na manhã seguinte.
Nesse Natal não tive os Pinipons, nem a barbie não-sei-das-quantas.
Acho que ainda chorei. Mas passou depressa.
Nos anos seguintes aprendi que não podemos ter tudo o que a nossa vontade ordena, ainda que o dinheiro as possa comprar.
Já bem grandota, argumentava, num outro Natal qualquer com o meu pai, enquanto “batia com a sapateta no chão” (como ele costumava gozar), ao som de umas trombas de metro:
- Vá lá pai! Não te peço mais nada! Fogooooooo…
- Lara, ouve: Não vou dar-te uma coisa, ainda que possa, que poderás não poder comprar quando fores grande. Não te vou habituar a ter tudo. Entendes?
- Mas oh pai! Todos os meus amigos tem um! Porque é que eu não posso ter? É injusto, pá!
- Porque prefiro que sejas uma menina zangada com o pai, que uma mulher frustrada com o mundo e sem valores!
Isto não me tirou a revolta na altura, mas deve ter sido uma grande prenda, porque a trago comigo até hoje.
Uns brincos são uns brincos e um dia não são dias.
As paixões servem para nos fazerem felizes e não para nos fazerem sofrer!
Prefiro continuar a sonhar com um amor que não tenho, a possuir algo que depois não saiba amar!
Prefiro sonhar que destruir!
Talvez por isso esteja assim, solteirinha-da-silva, aos 29anos.
E não me parece muito bem que fosse de outra forma.
Mas não deixo de sonhar com os amoressssssss...
:)
E quem sabe um dia não poderei comprar tudo o que está à venda?
Mas será que alguma vez poderei ter tudo aquilo que não se vende?
Meus amores...
Temo que o meu pai tinha razão...
E com esta história vos deixo,
quentinhos,
felizes e
apaixonados por todas as coisas
"impagáveis"…
Mil beijinhos Natalícios.
8 comentários:
Isso eu gostava de ver, redondinha como uma lontra...
Entendo essa história como (mais) uma lição!
Mas não te escapas! A idade para interiorizar valores ja la vai e alem disso um mimo nunca fez mal a ninguem...
E mesmo que isso fosse verdade tens uma alma e uma essencia que não se deixa corromper por uns simples (embora apaixonantes) brincos!
Por isso shora dona Lara, faz favor de dizer onde se encontram os ditos brincos porque eu ate estou a pensar furar as orelhas e preciso de começar a perceber quais as tendencias!!!
Não te rias, o mercado de trabalho esta mau e é preciso explorar todas as oportunidades...
Molhos de beijos
"A minha mãe pendurava as luzinhas, as fitas e as figurinhas de chocolate (que eu comia durante a noite, às escondidas. E depois enchia os papeis de prata com algodão para ela não ver!"
Oh minha Linda, só mesmo tu para teres uma ideia brilhante destas, parti-me a rir.
Vale sempre arriscar ;)
OBRIGADA..!!
(tu sabes porquê, Miga do Mar..) ;)
Bjnhs mts e miminhos mais!!
(finalmente em casa.. banhito tomado.. pijama vestido.. os "rapazes" dormem.. incluindo o elemento felino e os dois novos "filhotes" ;) e agora (00h56m)sim.. vou descansar.. com um sorriso ao lembrar a nossa conversa hoje!!)
Até já..!!
LOBEYOU!
Lara! Aceito a lição de vida que o teu pai te deixou. Mas isso não invalida o desejo de te pendurar os brinquitos nas orelhas! Até que era giro para todos nós presentearmos-te com algo...tu tens dado muito
Faço minhas as palavras do anónimo
Beijo azul...Sempre!
Oi meninos e meninas!
Está a chegar o dia N!
(Natal... claro!)
Quanto aos brincos...
Não só já sei o preço, como os tive nas orelhas!
De facto continuava apaixonada e estive-não-estive para perder a cabeça...
Ainda bem que não a perdi!
É que a conta no mecânico ainda superou o preço dos bricos nuns módicos 98 euros...
Acabou-se o Natal por aqui...
Resta-me usufruir das maravilhas desta noite (que é já amanha, felizmente)...
Fora de brincadeiras e pensamentos negativos, meus lindos:
APROVEITEM e... SUGUEM O TUTANO DO NATAL ATÉ AO FIM!
:)
Mil beijos natalicios...
Ahhhh... FÁTIMA!
Eu posso dar muito aqui...
(é possivel), mas recebo tanto mais quanto mais habitantes Kabba tem!
Vocês fazem-me felizzzzz o ano TODO!
Juizinho meninos/as...
Ainda bem que as amigas como tu não se compram, ganham-se porque não ia ter dinheiro que chegasse.
Feliz Natal para toda a KABBA.
Namasté..
G
M
TU!!
M
I
G
A
D
O
M
A
R
Bjsssssssssssssss ;)
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