...REJOI AND BE GLAD...

Quero acreditar que os milagres acabam por chegar! Quando nem sempre os esperamos, mas quando mais precisamos deles! Chegam com a mesma intensidade com que os queremos receber... e com a dimensão exacta do que fizemos para os merecer!

21.11.08

*AMO-TE*

Com grande quota de culpa do meu pai, sou hoje, aquilo que sou!
(Mais ou menos boa, conforme sopram os ventos e as gentes!).
- EH MIGA, ISSO É FROIDDDDDDD! – vão gritar vocês.
- Complexo de Édipo?… - acrescento eu, a rir.
–Mas não! Isso era fácil demais para explicar o que vão ler! Senão, reparem nisto:



Meu pai:
Foi ele que me ensinou as letras, me deu um microscópio, que me viu nascer e me fez (esta deve ter sido parte que custou menos!) e me adormeceu nas noites do bicho papão.
Foi ele que me convenceu a deixar de fazer xixi na cama e me ensinou a gostar de ajudar.
Foi ele que me levou para o teatro, que me ensinou a andar de bicicleta.
Que me ensinou a tabuada, o teorema de pitágoras ou a fazer favas com chouriço.

Foi para ele que escrevi o Ladrão de água, é com ele no pensamento que enfrento os meus dias. Cada palavra dele, dita ou silenciada, tem o peso da palavra sagrada.
Com ele recomecei a minha vida, várias vezes.
Vi-o perder e ganhar.
Vi-o sofrer que nem doido.


Foi ele que me acudiu.
Que nunca me abandonou.
Que me ralhou e me disse: NÃO!

Foi com ele que descobri sítios lindos no nosso pais e arredores.
Foi graças a ele que tenho uma família. Não temos mais nada a não ser o nosso núcleo familiar, de 4 elementos. Todos os outros já partiram para o céu…



Foi ele que me safou de muitos problemas, que nunca me ILUDIU...
Que me ensinou que nada se olha só de um ângulo, que me puxou as orelhas, e fingiu não me ver chorar.

Que me explicou que as meninas crescem, que ficam com mamas e neuras, e tem a mestruação.


Foi ele que me perdoou… asneira após asneira...
Também foi com ele que discuti, que magoei, e a quem virei as costas quando decidi sair de casa aos 17 anos.
Foi ele que me deixou ir à luta sozinha, mas que sempre ficou no escurinho a colocar-me miminhos no caminho!

Foi, e é, para ele que vou a correr quando precisa de mim…
Passo dias sem falar com ele…
Quando estou triste, ligo-lhe.
Quando tenho mais um amor acabado, chamo-o.
Quando estou feliz, chego até ele.
Digo-lhe que o amo sem (outros) motivos…


Quando eu tinha 10 anos, os meus pais separaram-se.
Dada a gravidade da situação, fiquei sob a “custódia” do pai.
Só com a roupa que tínhamos no corpo e a minha almofada (da qual ainda hoje não me separo, nem que chovam picaretas), fomos morar para bem longe, num res/chão de uma casa/garagem, que nem WC tinha, mas tinha ratazanas do tamanho de coelhos.

Era algures na Primavera dos meus 10 anos…
Por altura do meu aniversário, no Outono, eu tinha já tinha alguma roupa, uma casa de banho, livros e uma bicicleta, um quarto só para mim, uma sala forrada a madeira, talheres, jardim e cuecas…uma cozinha com lareira e armários novos…

TUDO, feito pelo meu pai, entre o trabalho a conduzir um camião de sacos de cimento (que carregava e descarregava à mão), o ajudar-me na escola e a sua namorada nova, que por milagre da vida, veio a ser minha “madrasta”, a Luísa.
Para além de uma mãe nova (que ainda demorei a aceitar), deu-me um mano que adormecia a chuchar no meu dedo mindinho e que amo tanto que até dói.

Ontem, o meu mano ligou-me:
- Mana! Hoje é que vou apanhar uma surra! O pai apanhou-me, cá em casa, com a minha namorada!
- Vestidos ou nus? – perguntei a rir!
(…)
Bem… era mais fumo que fogo; e apesar de nunca ter apanhado uma surra, o medo dele era legitimo! Pisou na bola.
- Sabes como o pai é inteligente… Não lhe mintas e dá um passo à frente dele! Surpreende-o e apanha-o de desprevenido. Faz assim: …
Bla bla bla.
(não interessa expor aqui a técnica!)
Lá ajudei, ri-me e fiz rir, e aliviei a situação.

Ora, o meu pai, (segundo se consta), em vez de perder a cabeça com ele, simplesmente fez aquilo que ele (ou ´alguém normal`) nunca estaria à espera.
Quando soube o que fez, parti-me a rir!
Só mesmo ele.
Só mesmo um coração gigante!
Só mesmo uma alma generosa.
Só mesmo um ser-de-luz…

Quando estava ao telefone com ele, no meio da aparente confusão familiar, disse-me:
- O teu irmão fez isto assim…. Blá blá blá… Tenho cá para mim que há dedo teu aqui! Certo?
Eu ri-me!
- Pois! – respondi sem mais.
- Pois... – disse ele. - Fico feliz por ele se ter socorrido de ti… Fico em paz por saber que são tão amigos! Mas ele não se safa do sermão…

Fez uma pausa e senti-o andar um pouco.
Era fim de dia.
O sol estava a pôr-se.
- Lara. Olha para o céu…
- Porque, pai?
- Verás os planetas alinhados no céu. Vénus não se vê porque só aparece ao nascer do sol. É algo que só se repetirá apenas daqui a 35 anos… Nessa altura não estarei cá, para olhar este céu, ao mesmo tempo que tu…

A voz dele tremeu.
O meu nariz encheu-se de uma vontade incontrolável de chorar.
O meu coração parou e arrancou a seguir.
Senti-me perdida.
Longe.
Triste.
Desesperada.
Amada.
Orgulhosa.
Feliz por ser dele…


Fui à janela e olhei o mesmo céu que ele.
Mercúrio, Marte e Júpiter, alinhados de oriente para o mar! Brilhantes e grandes. Distintos de todo o céu!
Tal como o meu pai se distingue que qualquer outra estrela do universo.
- Pai… Não digas isso! Estarás cá, sim… Seremos eternos...


- Pai: Não há sentimento que explique 29 anos do teu lado.
Nem as palavra amor, gratidão, paixão ou dádiva… todas juntas!
Nada! Nada! Nada!

Quero-te, EGOISTAMENTE, para sempre AQUI!
Porque sem a tua luz, não existirão estrelas no céu!...

7 comentários:

Anónimo disse...

.. saudadesssssssssssssss ..


.. mas sorrio para a "minha" estrelinha.. SEMPRE!!


Bjs imensos.. aos dois!!


(Obrigada por mais uma partilha)


Namasté, Lara


Maria

Anónimo disse...

“Deus pegou a força de uma montanha,
a majestade de uma árvore,
o calor de um sol de verão,
a calma de um mar tranquilo.

A generosidade da natureza,
os confortáveis braços da noite,
a sabedoria das eras,
o poder do vôo da águia,
a alegria de uma manhã de primavera,
a fé de uma semente de mostarda,
a paciência da eternidade e o centro da necessidade de uma família.

Depois Deus juntou todos esses ingredientes e quando percebeu que nada mais havia para acrescentar,
Ele viu que Sua obra-prima estava completa.
Olhou para essa obra e disse:
A tua missão é sagrada.
Vai para a vida, vai!

Só falta eu dar-te um nome:
Eu te baptizo de PAI ”


***Abençoada Familia***Beijos para todos!***

Big kiss Princess! Love y

Anónimo disse...

Ola. Nem sei se devia...
Cheguei a casa depois de uma viagem, jantar e um concerto louco. Tomei banho e fiz algo q (sem me dar conta como ou porque) se tornou num hábito. Numa necessidade...
Sei pq te leio, pq te sigo, pq te vejo e pq te sinto. N sei o q me prende a ti. Nem como...

Vim aqui pq te percebo como uma parte de algo q n possuo. E aqui consegues expor uma beleza tal q as palavras são poucas e pequenas para descrever o q és. Conhecer-te é uma honra e um privilégio. Sei sem ponta de dúvida q és AMOR...

Acho q n sai mais nada. Sinto-me cansado mas deste-me uma sensação de paz q só uma pessoa maravilhosa como tu consegue transmitir!

Obrigado por existires e seres uma pequena ENORME parte do meu Mundo...

Adoro-te. Uma mão cheia de beijos e um xi bem apertado...

MJM disse...

Porque e "apenas" me apeteceu vir até Kabba deixar-te beijinhos muitos e sorrisos mil !! :)


Namasté..


Maria

Anónimo disse...

Tiveste uma infancia dificil...
Felizmente tiveste um grade PAI e uma bela familia :)

Indecisa disse...

És grande Lara!

Sorrisos... MUITOS!

Ana disse...

Lara, por mais livros que devores nenhum te vai dar o coração que a vida te deu, tudo o que vivemos é que nos faz crescer, não conheço o teu pai mas diz-lhe obrigado por mim.
Namasté